segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tempo de Estiagem

Esses dias andei lendo algumas crônicas do Jabor (várias delas, para falar a verdade) e percebi que um tema recorrente em suas narrativas é o amor e/ou os relacionamentos "menos profundos", digamos assim. Acabei me influenciando e passei um bom tempo refletindo à respeito...

Já peço desculpas caso acabe parafraseando seus textos em algum momento.

Enfim...

O amor é um sentimento realmente incoerente. Talvez por nascer, crescer e residir no coração, ao invés do cérebro, nosso órgão pensante, onde a maioria dos outros sentimentos são elaborados. Coração que bate e para, acelera e diminui o seu ritmo, tudo alheio à nossa vontade. Ele, por conta própria, marca suas batidas ou reage a algum estímulo, mas nada que possamos conscientemente controlar. Assim também é o amor.

Seria muito fácil se o amor seguisse alguma lógica. Se nos apaixonássemos somente por pessoas bonitas, inteligentes e de nossa confiança. Se fosse condição sine qua non a pessoa também estar apaixonada. Ela deveria também ser boa de cama, ter um emprego legal, ser independente, carinhosa, ter gostos e preferências parecidas com os nossos, ser engraçada, ter bom humor, ser companheira, além, é claro, de se dar bem com nossa família e a gente com a dela. As agências de matrimônio fariam a festa. Encontraríamos nosso amor, buscando currículos no google.

Acabariam os olhares, a conquista, o charme. No sábado à noite, ao invés de se preparar para a balada, com whisky e Red Bull,  o programa seria se debruçar sobre os classificados do jornal com uma caneta marca-textos na mão. 

Mas infelizmente (ou felizmente, não sei...) não é assim. Você se apaixona às vezes por aquela pessoa que é sim, linda de doer, com aqueles olhos verdes de tirar o fôlego, mas que mal olha para você. Que você adora conversar e ter por perto, mas que só quer ser sua amiga. Ou outra que é inteligente e super bom caráter, mas que isso a torna "certinha demais" para querer sair com você. Sem falar naquela que é uma loucura na cama, mas que é quente demais pra se contentar com um só...

Quando se fala da "hora certa" então, aí é que a lógica vai pro espaço. O amor nunca aparece quando a gente quer. Ele é como o horizonte, que se afasta  quando a gente se aproxima. Não adianta correr atrás... É a tal "impontualidade do amor" que já postei aqui há um tempinho atrás. Quando você está realmente disposto e preparado para se envolver, buscando uma relação séria e, quem sabe, pra vida inteira, parece que tudo conspira contra. Ninguém consegue te chamar a atenção de verdade, ou quando você consegue finalmente se interessar pra valer por alguém, a recíproca passa longe...

Agora, experimente ao menos balbuciar que não quer se prender ou que não é o momento certo, para ver o que te acontece. É batata que irão chover "mulheres/homens da sua vida" em sua horta.  Bem na véspera do carnaval ou daquela viagem super planejada. É sempre assim!

Me enquadro no primeiro grupo, mas confesso que estou pensando em mudar de planos pra ver se consigo enganar esse sistema. Afinal, minhas plantinhas já estão se esturricando no quintal...

Um comentário:

  1. Eu entendo tudo isso!
    Sofro com tudo isso..
    Mas sabe? Sinceramente... ainda acredito! ;)

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